Dependência química e comorbidades psiquiátricas

Comorbidade psiquiátrica no transtorno por uso de substância psicoativa pode ser definida como a presença concomitante de transtornos mentais em um mesmo indivíduo ao uso de substâncias psicoativas.

Quando um paciente está abstinente há pelo menos um mês e apresenta outro transtorno mental, isso quer dizer, em termos práticos que este transtorno embora possa ter sido influenciado pelo uso de drogas, é um transtorno independente, é uma comorbidade.

Qualquer doença mental que tenha associado o uso, abuso ou a dependência de alguma substância tem um efeito negativo em vários aspectos clínicos da doença, piorando o diagnóstico, o tratamento e o prognóstico. Indivíduos com dependência química apresentam mais quadros graves e com pior prognóstico do que os que não usam drogas. Há diversas complicações psiquiátricas decorrentes do uso de substâncias psicoativas. O consumo de drogas pode exacerbar um transtorno psiquiátrico preexistente.

Exemplos de comorbidades psiquiátricas

Um paciente dependente químico que apresenta sintomas depressivos pode ter outras patologias, é necessário investigar se há comorbidades psiquiátricas, identificar um diagnóstico duplo (uma doença que está além do que foi identificado no início do tratamento).

É muito comum os transtornos de ansiedade ocorrerem em comorbidade com transtornos relacionados ao uso de substâncias. O transtorno de ansiedade é um fator de risco para a iniciação do tabagismo e a dependência de nicotina, assim como o tabagismo e a dependência de nicotina parecem ser um fator de risco para o desenvolvimento de alguns transtornos de ansiedade.

Nos casos de depressão, diagnosticar um quadro depressivo em indivíduos com história de transtorno por uso de substâncias costuma ser na prática clínica, um grande desafio, o uso de drogas pode agravar um quadro depressivo, bem como a depressão pode intensificar o uso de drogas. 

Um quadro de dependência química pode ocorrer delírios, durante a intoxicação ou no período de abstinência e a esquizofrenia também causa delírios e alucinações. A nicotina é certamente a substância mais usada entre os pacientes com esquizofrenia. O álcool é a segunda substância mais utilizada pelas pessoas que sofrem com a esquizofrenia. A maconha alcança o álcool como a próxima substância abusada mais frequentemente nessa população.

O álcool é a comorbidade mais associada ao transtorno bipolar. Essa combinação pode ser muito perigosa, uma vez que o consumo de álcool entre os pacientes bipolares aumenta o risco de episódios de humor, em especial a depressão e também de internações e tentativas de suicídio.

Tratamento
A comorbidade é muitas vezes subestimada e subdiagnosticada. Em algumas patologias, sintomas referentes a outro transtorno mental são atribuídos ao uso agudo ou à síndrome de abstinência. O contrário também é observado, sintomas de intoxicação ou abstinência são tomados como sintomas de outras doenças psiquiátricas. 

É necessário investigar ativamente o uso de substâncias psicoativas, para reconhecer se os sintomas são próprios da doença ou se há outras comorbidades psiquiátricas. O tratamento deve ser integrado, devem-se tratar tanto os transtornos decorrentes do uso de drogas e álcool, quanto o outro transtorno mental, se possível pela mesma equipe profissional. 

Caso necessite de ajuda, agende uma consulta com o Dr. Cláudio Jerônimo, seu consultório fica localizado na Rua Leandro Dupret, 204 – Vila Clementino / São Paulo.

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