Dependência de cocaína

A cocaína é uma substância psicoativa estimulante do sistema nervoso central, que age causando impacto no sistema neurotransmissor e nos mecanismos de tolerância e dependência. Uma parcela considerável dos usuários de cocaína, independentemente da via que utiliza para a administração da droga, tem um padrão de consumo caracterizado por períodos prolongados do uso, intercalados com outros de abstinência.

O uso da cocaína causa uma euforia intensa e rápida, mas os efeitos euforizantes da droga ocorrem apenas durante o aumento dos níveis da substância na corrente sanguínea, como ela sofre rápida metabolização, seus níveis tendem a cair com grande rapidez, o que faz o usuário sentir-se progressivamente desconfortável, contribuindo, assim, para que busque novamente o consumo da droga.

O usuário de cocaína, com o intuito de experimentar novamente os efeitos positivos e buscar alívio para os efeitos negativos do uso da droga, adota um padrão compulsivo do consumo, que pode durar horas ou mesmo dias, geralmente interrompido pela exaustão física. Esse padrão de uso concentrado, no qual se utilizam grandes quantidades de uma substância em poucas horas, é denominado binge.

Efeitos psicoativos que favorecem a dependência
Os efeitos estimulantes da cocaína parecem aumentar as habilidades físicas e mentais dos usuários. Experimentam euforia, exaltação da energia e da libido, diminuição do apetite, exacerbação do estado de alerta e aumento da autoconfiança. Altas doses de cocaína intensificam a euforia, a agilidade, a verbosidade (pessoa que fala muito ou usa palavras em excesso para expressar-se) e os comportamentos estereotipados, além de alterarem o comportamento sexual. Esses efeitos positivos encorajam o uso contínuo e a dependência dessa substância.

Esses sentimentos de alegria e confiança causados pela cocaína podem transformar-se facilmente em irritabilidade, inquietude e confusão. O uso contínuo de cocaína gera uma tolerância à droga. Os usuários vão aumentando a dose para sentir os mesmos efeitos. 

Efeitos psicológicos e psiquiátricos
O resultado do uso da cocaína pode ser devastador, são muitos os efeitos psicológicos e psiquiátricos causados pelo uso da droga, por exemplo: excesso de irritabilidade; de agressividade; de inquietação; de irresponsabilidade; mentiras; segredos; medo; paranóia; diminuição do autocuidado; perda de valores morais e sociais; diminuição da libido; quadros depressivos, crises de ansiedade; insônia; psicose, estados confusionais; risco de suicídio.

Efeitos sociais
A cocaína prejudica a vida do usuário em todos os sentidos, por exemplo: isolamento social; dificuldades profissionais, familiares; comportamento sexual de risco; comportamento violento; atividade criminosa; prostituição; violência doméstica; gastos com tratamentos.

Mesmo entre os dependentes mais motivados para o tratamento, boa parte desses usuários de cocaína tem dificuldade na manutenção da abstinência devido aos prejuízos cognitivos decorrentes do uso repetido da droga.

O uso da cocaína afeta áreas do cérebro relacionadas à função motora, à aprendizagem, à emoção e à memória, adicionando mais um desafio às intervenções eficazes. Profissionais pouco capacitados podem confundir tais prejuízos e interpretá-los como desinteresse, má vontade ou resistência ao tratamento, comprometendo a aliança terapêutica e evolução favorável do caso.

O quadro de síndrome de abstinência de cocaína tem sintomas parecidos com um quadro depressivo, portanto, é necessário investigar se existem comorbidades, ou se os sintomas depressivos estão diretamente ligados às fases da síndrome de abstinência.

Texto escrito por Adriana Moraes – Psicóloga especialista em Dependência Química

 

INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Claudio Jerônimo Psiquiatra especialista em transtornos mentais

Formado em Medicina pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, o Dr. Cláudio Jerônimo da Silva possui residência médica em Psiquiatria pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Registro CRM-SP nº 83201.

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