Os Estágios Motivacionais do usuário de maconha

Dr. Claudio JerônimoPsiquiatra especialista em transtornos mentais

A maconha é a droga ilícita mais consumida no mundo, mas a dependência e os danos causados à saúde por essa substância ainda são subestimados. A negação do problema e a crença de que a maconha não é prejudicial são barreiras que impedem muitos usuários de buscar ajuda. 
 
Neste texto, analisaremos os estágios motivacionais e as dificuldades enfrentadas por quem deseja parar de usar maconha. O caso de João é um bom exemplo para ilustrar.
 

“João, um estudante de engenharia de 23 anos, consome maconha diariamente há cinco anos e minimiza os riscos, acreditando que o uso não interfere em sua vida. Ele argumenta que a maconha é uma droga natural, menos prejudicial que o álcool ou outras substâncias, e que o auxilia na criatividade e na concentração para os estudos, ignorando o impacto negativo na sua performance acadêmica, além de se julgar capaz de parar a qualquer momento. No entanto, quando familiares e amigos expressam preocupação, João fica irritado e resiste à ideia de procurar ajuda, sentindo-se incompreendido. Ele se encontra no estágio de pré-contemplação, caracterizado pela negação e minimização de riscos, justificativas para o consumo e resistência à mudança. O jovem apesar de sentir os efeitos negativos da droga em sua vida, ainda não conseguiu se desvincular do hábito”.


Cada estágio reflete uma fase distinta de motivação e preparação para a mudança:
 
Pré-contemplação:
Neste estágio, os indivíduos não reconhecem que têm um problema com o uso da maconha. Eles podem estar resistentes à ideia de mudança, acreditando que o uso não é prejudicial ou ignorando os danos em suas vidas. É comum que os usuários nesta fase estejam sendo pressionados por familiares ou amigos a buscarem ajuda, mas sem sentirem necessidade interna de mudar.


Contemplação:

Nesta fase, os indivíduos começam a perceber que o uso da maconha pode estar trazendo consequências negativas, mas ainda estão indecisos sobre a necessidade de mudança. Eles podem pesar os prós e contras de continuar usando a substância, mas ainda não tomaram uma decisão clara. Este estágio é caracterizado pela ambivalência, onde o desejo de mudança e o apego ao hábito coexistem.
Preparação:
Aqui, a pessoa reconhece a necessidade de mudar e começa a tomar pequenas medidas para reduzir ou parar o uso de maconha. O indivíduo pode buscar informações sobre tratamentos, falar com amigos ou familiares sobre a decisão de mudar e estabelecer metas realistas. Este estágio é essencial para a construção de um plano de ação concreto que facilite a transição para o próximo passo.

Ação:
Neste estágio, o indivíduo está ativamente envolvido na mudança de comportamento. Isso pode incluir reduzir drasticamente ou interromper o uso de maconha, ingressar em um programa de tratamento, ou adotar novas práticas e hábitos para substituir o uso da substância. A ação exige comprometimento e pode envolver enfrentamento de desafios, como lidar com gatilhos e aprender novas habilidades de enfrentamento.



Manutenção:

A manutenção é o estágio em que o indivíduo trabalha para consolidar as mudanças realizadas e prevenir recaídas. A pessoa desenvolve estratégias para lidar com situações de risco e reforça os novos comportamentos saudáveis. O suporte contínuo de profissionais de saúde, terapeutas e grupos de apoio pode ser essencial para manter a abstinência ou o uso controlado, dependendo dos objetivos do indivíduo.
Recaída:
A recaída é uma fase comum no processo de mudança, na qual o indivíduo pode retornar ao uso da substância após um período de abstinência ou redução. A recaída não deve ser vista como um fracasso, mas como uma oportunidade para reavaliar o plano de ação e fortalecer as estratégias de enfrentamento. O importante é que o indivíduo retorne ao processo de mudança com o suporte adequado.

 

Cada indivíduo progride por esses estágios em seu próprio ritmo, e nem todos passam por todos os estágios. O caso de João demonstra a importância de identificar em qual estágio o indivíduo se encontra para que a intervenção seja personalizada. O papel dos profissionais de saúde, terapeutas e sistemas de apoio é fundamental nesse processo, oferecendo o suporte necessário para que cada pessoa possa superar os desafios e alcançar uma vida mais saudável e livre das substâncias.
 

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Texto escrito por Adriana Moraes – Psicóloga especialista em Saúde Mental e Dependência Química

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Claudio Jerônimo Psiquiatra especialista em transtornos mentais

Formado em Medicina pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, o Dr. Cláudio Jerônimo da Silva possui residência médica em Psiquiatria pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Registro CRM-SP nº 83201.