Impacto psicológico do desastre no Rio Grande do Sul: Estresse Pós-Traumático

Dr. Claudio JerônimoPsiquiatra especialista em transtornos mentais
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O estrago causado pela tempestade no Rio Grande do Sul causou uma devastação imensa, não apenas em termos materiais, mas também no emocional das pessoas afetadas. Entre as consequências emocionais mais marcantes está o desenvolvimento do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), conforme descrito no DSM-5, este transtorno pode ocorrer após a exposição a eventos traumáticos, como desastres naturais.
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O TEPT é um transtorno psiquiátrico caracterizado por lembranças ou recordações vívidas que invadem a consciência do indivíduo que passou pelo trauma, ou chamados de flashbacks (ou em forma de pesadelos), aumentando o sofrimento e o desgaste emocional.
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As pessoas afetadas podem se sentir constantemente em alerta, experimentando um estado de hipervigilância que torna difícil relaxar e sentir-se seguro.
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O evento traumático que ocorreu com o povo gaúcho, pode ser revivenciado de diversas maneiras, os sobreviventes podem reviver os momentos de destruição, a perda de seus entes queridos e a sensação de impotência diante do desastre. A visão de suas casas destruídas, a lembrança dos momentos de desespero durante a catástrofe e a constante preocupação com a possibilidade de novas tragédias podem agravar os sintomas do TEPT, deixando cicatrizes profundas no emocional das pessoas afetadas.
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A presença de TEPT também pode afetar gravemente a capacidade das pessoas de reconstruir suas vidas. A dificuldade em lidar com emoções intensas pode levar ao isolamento social, à dificuldade em manter empregos e à ruptura de relações familiares e de amizade. A sensação de desesperança e a luta constante contra os sintomas podem impedir que as vítimas vejam um futuro positivo, prolongando ainda mais o sofrimento.
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Além disso, há a possibilidade de ampliação dos sintomas psicológicos em pessoas que já necessitavam de cuidados de saúde mental antes da catástrofe, condições como depressão, ansiedade e outros transtornos podem se agravar diante do trauma, exigindo um cuidado ainda maior e mais intensivo.
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A tragédia também pode levar ao aumento do uso de substâncias ou álcool como uma forma de escape, criando um ciclo vicioso de dependência e problemas de saúde mental.
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A falta de esperança em relação ao futuro é um sentimento comum entre os sobreviventes. A magnitude da perda e a difícil tarefa de reconstruir a vida a partir dos escombros podem parecer insuperáveis, deixando muitos sem perspectiva de dias melhores. Esse sentimento de desesperança pode dificultar a recuperação e aumentar o risco de problemas emocionais a longo prazo.
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É essencial que os gaúchos afetados pelo desastre recebam apoio psicológico adequado. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma abordagem eficaz para o tratamento do TEPT, ajudando os indivíduos a processar o trauma, reduzir os sintomas e aos poucos reconstruir suas vidas.
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No contexto de toda a devastação no Rio Grande do Sul, o impacto psicológico é profundo. Embora as cicatrizes emocionais sejam intensas e os desafios pareçam insuperáveis, é necessário lembrar que, com o tempo e o suporte adequado, a recuperação é possível.
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Texto escrito por Adriana Moraes – Psicóloga especialista em Saúde Mental e Dependência Química

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Claudio Jerônimo Psiquiatra especialista em transtornos mentais

Formado em Medicina pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, o Dr. Cláudio Jerônimo da Silva possui residência médica em Psiquiatria pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Registro CRM-SP nº 83201.