Estágios motivacionais na dependência química
Dr. Claudio JerônimoPsiquiatra especialista em transtornos mentais
Na área da dependência química existem estágios de motivação no tratamento do indivíduo para a sua aceitação e mudança de comportamentos considerados problema. Os terapeutas Prochaska e DiClemente desenvolveram um modelo transteórico que explica esses estágios de mudança de comportamento pelas quais uma pessoa passa até se libertar definitivamente de sua dependência.
As pessoas que apresentam problemas com o uso de substâncias psicoativas geralmente chegam ao aconselhamento com motivações flutuantes e conflitantes. Ao mesmo tempo querem e não querem mudar. Esse conflito, que pode ser chamado de ambivalência, permeia principalmente as primeiras sessões do tratamento e parece ter um potencial especial para manter as pessoas aprisionadas e criar estresse. A pessoa é ao mesmo tempo atraída e repelida por um único objeto.
A ambivalência é um estado mental no qual a pessoa tem sentimentos coexistentes e conflitantes a respeito de alguma coisa.
Um ingrediente importante é o apego ao comportamento, o que torna mais difícil resistir ou afastar-se dele. A dependência psicofarmacológica é uma forma de apego: o corpo da pessoa adapta-se à presença da substância (tolerância) e quando esta é retirada, o corpo entra em um estado de desadaptação (abstinência).
Os comportamentos relacionados com o uso de substâncias também podem ser utilizados como meio de enfrentamento (dependência psicológica): a pessoa passa a contar com a substância para ajudá-la a lidar com estados difíceis ou desagradáveis (a se aproximar ou falar com pessoas, a relaxar em um momento de raiva, sentir coragem etc.) e com o tempo, torna-se mais difícil enfrentar tais situações sem o uso da substância.
Estágios motivacionais:
Pré-contemplação: o indivíduo não cogita a mudança, está resistente a qualquer orientação. É o primeiro estágio e nele as pessoas sequer consideram a mudança, uma vez que não encara seu comportamento como problemático. As pessoas, aqui, podem procurar os serviços de tratamento, por estarem sendo pressionadas por um parceiro, pela família, pelo empregador ou por seu médico.
Contemplação: é quando a pessoa toma consciência do problema e reconhece o problema (atual ou futuro) relacionado ao consumo, cogita a mudança, mas ainda valoriza os efeitos positivos da substância, está ambivalente. Os pacientes nesse estágio, têm conhecimento da conexão entre seus comportamentos e os problemas a eles associados, fazem uma avaliação de custo versus benefício mais realista e a possibilidade de considerar alguma mudança está mais presente. Nesse momento, ainda não se comprometeram a agir e poderão permanecer no estágio por muito tempo se não resolverem sua dúvida em relação à mudança. “Pensam” mais do que “agem”. O contemplador considera a mudança ao mesmo tempo em que a rejeita.
Preparação: uma vez trabalhada a ambivalência a pessoa pode passar para o estágio da preparação, no qual está pronta para mudar e compromissada com a mudança, um plano a ser implementado em curto prazo é formulado, podendo incluir busca de ajuda especializada e/ou desintoxicação. O indivíduo reconhece o problema, sente-se incapaz de resolvê-lo sozinho e pede ajuda. Essa fase pode ser muito passageira, por isso é indispensável uma pronta abordagem.
Ação: o indivíduo interrompe o consumo e começa o tratamento, mas a ambivalência, o acompanhará durante todo o trajeto, o que justifica um acompanhamento contínuo. Nesse estágio, o paciente se engaja em ações específicas para alcançar uma mudança. Essas mudanças de comportamento podem ser das mais variadas: o indivíduo pode tentar diminuir o consumo por si mesmo, conversar com alguém importante (por exemplo, um familiar) sobre seu problema ou procurar um tratamento especializado. O objetivo durante esse estágio é produzir uma mudança em alguma área problema. A ênfase do profissional deve ser firmar e aprofundar a decisão.
Manutenção: aqueles pacientes e/ou clientes que tiveram sucesso na sua tentativa de mudar entrarão no estágio de manutenção e poderão eventualmente chegar ao término. No entanto, é mais provável que recaiam e, tipicamente, passem pelos estágios várias vezes antes de atingir a manutenção em longo prazo. Esse é o estágio de se tentar integrar o novo comportamento à sua vida em geral, mantendo a direção escolhida.
Recaída: Muitas pessoas infelizmente acabam recaindo e tendo que recomeçar o processo novamente. A recaída refere-se ao retorno do consumo, após um período considerável de abstinência. O lapso, quando o retorno ao consumo dentro de uma situação de abstinência é pontual. Recair não é voltar à estaca zero, ao contrário neste momento, ambos aprendem com o fato.
Cabe ao profissional a tarefa de ajudar seu cliente a identificar e liberar suas próprias forças motivacionais.
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INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dr. Claudio Jerônimo Psiquiatra especialista em transtornos mentaisFormado em Medicina pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, o Dr. Cláudio Jerônimo da Silva possui residência médica em Psiquiatria pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Registro CRM-SP nº 83201.