A depressão e seus níveis de gravidade

Dr. Claudio JerônimoPsiquiatra especialista em transtornos mentais

“Minha vida era tranquila,  agora tudo é cinza, escuro,  não tem mais brilho. Comecei a sentir um desânimo sem fim, perdi a motivação, o prazer por atividades que antes gostava de fazer, como hobbies, passeios, praticar esportes. Com o passar do tempo, essa tristeza começou a interferir  na minha vida pessoal e profissional, só  vejo o lado ruim de tudo.  E para piorar passei a ter sintomas psicóticos,  estou extremamente cansada. Fico isolada em meu quarto, me sinto paralisada emocionalmente perante a vida, resumindo,  sinto vontade de sumir e acabar com esse tormento insuportável, mas ao mesmo tempo quero viver,  quero minha vida de volta”.

O exemplo citado mostra como a depressão se instala e evolui para um quadro perigoso. A doença pode se manifestar de várias formas, com intensidades diferentes, dependendo de cada caso trazendo intenso sentimento de tristeza e desesperança por períodos maiores ou menores, deixando marcas profundas e em situações mais graves o desejo de morrer.

Todo tipo de depressão pode apresentar níveis de gravidade variáveis, que se traduzem basicamente na intensidade de seus sintomas e, consequentemente, nos riscos que representam para a vida (ou para a saúde) do indivíduo e das pessoas de seu convívio. 

No livro Mentes Depressivas o transtorno depressivo é classificado em leve, moderado e grave:

– Leve: a tristeza não interfere seriamente nas atividades do dia a dia, isto é, o indivíduo ainda consegue manter sua rotina, embora isso já exige algum nível de esforço.

– Leve a moderado: nesse estágio, o indivíduo já apresenta pensamentos negativos e dificuldades em manter a sua rotina diária como antes. Seus sintomas depressivos já começam a interferir de forma significativa em diversas áreas de sua vida.

 – Moderado: sentimento de melancolia, na maior parte do dia, todos ou quase todos os dias. Os pensamentos negativos tendem a se tornar obsessivos. Observamos prejuízos expressivos, e o esforço para manter a rotina diária torna-se um sacrifício.

– Moderado a grave: a rotina diária já vira um sacrifício em quase todas as esferas vitais do indivíduo. Os pensamentos obsessivos são mais intensos e incessantes, e sentimentos como falta de vontade de viver ou vontade de morrer podem ser observados.

– Grave: Os prejuízos gerais são maiores, o sofrimento bem mais intenso. Nesses casos, é possível observar muitas vezes, embora nem sempre, uma paralisação na vida dos deprimidos como um todo. Os sinais de gravidade mais marcantes são: pensamentos de suicídio, planejamento suicida, sintomas psicóticos associados (como delírios e alucinações), perda de peso significativa associada à recusa alimentar e negativismo em relação a tudo.

Uma pessoa pode sentir os sintomas leves da depressão e caso não receba o tratamento adequado, a doença pode evoluir para um estágio mais avançado, em outros casos o indivíduo pode apresentar no início da doença os sintomas mais graves, especialmente pessoas que sofrem de alguma comorbidade, por exemplo, a esquizofrenia.

Tratamento

O tratamento da depressão vai depender da intensidade, da gravidade e da duração dos sintomas. Em nível leve geralmente pode ser controlada com terapia, acompanhamento psicológico, sem medicamentos. Os níveis moderado e grave o psiquiatra irá indicar o uso de fármacos em conjunto com a psicoterapia. 

Fonte: Mentes Depressivas: as três dimensões do século / Ana Beatriz Barbosa Silva – 1ª edição – São Paulo: Principium, 2016.

Texto escrito por Adriana Moraes – Psicóloga especialista em Saúde Mental e Dependência Química.

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Claudio Jerônimo Psiquiatra especialista em transtornos mentais

Formado em Medicina pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, o Dr. Cláudio Jerônimo da Silva possui residência médica em Psiquiatria pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Registro CRM-SP nº 83201.