Qual o melhor tratamento para dependentes químicos?
Dr. Claudio JerônimoPsiquiatra especialista em transtornos mentaisÉ comum ouvir falar nos dependentes químicos, mas poucos sabem que essa condição se trata de uma doença, que desencadeia em distúrbios mentais, emocionais e físicos, e que tem tratamento.
Ela se caracteriza principalmente pela necessidade incontrolável de usar uma substância de modo compulsivo, como o álcool, maconha, cocaína, crack, dentre outras, que podem ser lícitas ou ilícitas.
O fato é que essa condição afeta todos os aspectos da vida do indivíduo, representando um risco a si próprio e prejudicando as pessoas do seu ciclo, como familiares e amigos.
Em longo prazo, esse quadro pode ser fatal ou deixar diversas sequelas, uma vez que, com o tempo, se cria uma tolerância a essas substâncias, e as doses precisam ser aumentadas gradativamente para garantir os mesmos efeitos de antes, podendo levar o indivíduo a uma overdose.
A dependência química tem tratamento e é possível se recuperar. E isso vai depender da força de vontade do paciente que irá se tratar, além de obter as informações certas sobre o processo, os tipos de tratamento e o que poderá vir pela frente.
Tratamentos para dependentes químicos
Num primeiro momento, é preciso chegar a um diagnóstico certeiro por meio da avaliação criteriosa de uma equipe multidisciplinar, levando em conta as peculiaridades de cada caso.
Com isso, é possível traçar uma estratégia para propiciar o melhor tratamento ao paciente, de forma personalizada, envolvendo uma combinação de intervenções terapêuticas variadas a fim de atender a todos os aspectos necessários para uma recuperação integral.
Os principais tratamentos para dependentes químicos consistem em:
- Desintoxicação
Essa costuma ser a fase inicial do tratamento, em que se estabelece uma nova postura para o dependente químico, com a adoção de hábitos mais saudáveis, a fim de que haja a recuperação das funções metabólicas prejudicadas pelas substâncias tóxicas. Essa etapa é considerada a mais crítica, pois consiste na eliminação das drogas do organismo com o apoio de uma assistência médica e que normalmente tem duração de 24 horas.
A desintoxicação aguda normalmente dura entre 20 e 45 dias e, além de poder reverter os prejuízos fisiológicos, esse período também é focado em diminuir os efeitos da abstinência que podem gerar complicações, assim como trabalhar nas questões emocionais. Dessa forma, o paciente passa a ficar mais consciente das consequências negativas do uso das drogas e até o seu humor fica mais estável.
- Psicoterapia
Esse é um trabalho de aconselhamento e suporte psicológico, que visa auxiliar o paciente em relação ao seu comportamento, evitando que ele coloque a sua própria saúde em risco, e que combinado com o uso de remédios torna esse processo de reabilitação ainda mais eficaz.
Podem ser utilizadas diversas abordagens terapêuticas que geram resultados satisfatórios no tratamento da dependência química, como a psicanálise, a terapia cognitivo-comportamental, terapia em grupo e terapia ocupacional. A escolha pelo melhor método depende das especificidades de cada paciente, como sintomas, evolução do transtorno, sua aceitação ao tratamento, personalidade, etc.
- Medicamentos
O uso de medicamentos é recomendado para o tratamento da dependência química na maioria dos casos, devendo ser criteriosamente controlado pela equipe responsável, para que não haja uso irregular por parte do paciente no consumo dos remédios ou evitar alguma postura que afete a sua saúde.
Além disso, o dependente químico fica mais vulnerável, por conta do abuso das drogas, a contrair ou desenvolver algumas doenças físicas e mentais, como depressão, esquizofrenia, cirrose, câncer, HIV, hepatite B e C, sífilis, insuficiência renal, dentre outros problemas, em que o uso de medicamentos também se faz estritamente necessário.
- Internação
Geralmente, a internação é adotada quando o paciente não consegue passar pelo processo de reabilitação sozinho e, portanto, necessita de uma assistência integral e multidisciplinar, ou ainda quando ele representa um risco a si mesmo e às pessoas à sua volta, a partir de um comportamento agressivo ou pensamentos suicidas. Então, a internação pode acontecer de forma voluntária, involuntária e compulsória.
A internação voluntária, como indica o próprio nome, é realizada com o consentimento do indivíduo, sendo que, na maioria dos casos, parte do próprio dependente químico a iniciativa de buscar essa ajuda.
Já a internação involuntária normalmente é solicitada por alguém da família ou mesmo pelo profissional que acompanha o dependente químico e é adotada mesmo sem o seu consentimento.
A internação compulsória acontece quando há uma determinação da justiça, a partir de um pedido formal feito pelo médico, com a apresentação de um laudo que ateste a incapacidade do indivíduo de buscar ajuda sem a intervenção de terceiros.
O acompanhamento profissional durante o tratamento do dependente químico pode demandar desde alguns meses até anos, dependendo do plano de terapia traçado para cada paciente.
De forma geral, os primeiros seis meses consistem em livrar o indivíduo das drogas e trabalhar os diversos aspectos para evitar recaídas, propiciando meios para que ele vá retomando a sua vida. Nos meses seguintes, o trabalho é focado no fortalecimento de novos comportamentos, atitudes e conquista da sua autonomia.
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INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dr. Claudio Jerônimo Psiquiatra especialista em transtornos mentaisFormado em Medicina pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, o Dr. Cláudio Jerônimo da Silva possui residência médica em Psiquiatria pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Registro CRM-SP nº 83201.