Bebida alcoólica é consumida por 48% dos brasileiros
Consumido por 48% dos brasileiros e comprovadamente o entorpecente mais usado no País, o álcool foi o tema principal da IX Conferência do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas (Comad), realizada neste sábado (19), no auditório da Universidade Católica de Santos (UniSantos).
O encontro, que elegeu os novos conselheiros do Comad, também serviu para que membros de entidades apresentassem propostas de combate ao consumo de bebidas alcoólicas por menores e adolescentes. As ideias aprovadas serão encaminhadas à Prefeitura de Santos e colocadas em prática.
Professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Cláudio Jerônimo da Silva foi um dos presentes na conferência. Envolvido com trabalhos na área de prevenção ao alcoolismo há 18 anos, ele fez questão de afirmar que o cenário no Brasil é muito ruim.
“O padrão de consumo dos brasileiros é o que mais preocupa, pois estudos mostram que 20% das pessoas no Brasil, independentemente da idade, consomem todo o tipo de bebida alcoólica que é produzida. Ou seja, quem bebe, bebe muito. De cinco ou mais doses em um curto espaço de tempo. Quem se intoxica desse jeito se dá ao direito de fazer coisas que não faria se não tivesse bebido, como por exemplo beber e dirigir, dirigir perigosamente, fazer sexo sem os devidos cuidados e se envolver em brigas”, explica o professor.
“Temos que ter foco nas crianças e nos adolescentes. Fazer prevenções para que os menores não bebam e não fumem. Quanto mais retardarmos a experimentação dessas drogas lícitas, maiores são as chances de que o alcoolismo e outras dependências químicas não aconteçam”, acrescenta o especialista.
Representante da Administração Municipal, o vice-prefeito e coordenador do Comitê Gestor de Políticas Sobre Drogas de Santos, Eustázio Alves Pereira Filho, reforçou as palavras de Jerônimo e lembrou que o álcool e o cigarro são as portas de entrada para as drogas ilícitas. Segundo ele, nenhum jovem chega diretamente no crack ou na cocaína.
“Quem não teve contato com cigarros ou álcool até os 19 anos não desenvolve dependências químicas. Só uma em dez pessoas sucumbem a esses vícios após os 19 anos. Os jovens têm os modelos dentro de casa, onde, muitas vezes, a cerveja está ao lado do refrigerante ou do leite. Precisamos saber que exemplos estamos dando para os nossos jovens e não permitir um acesso tão fácil deles ao álcool”, adverte Pereira.
Ainda de acordo com Pereira, o principal desafio do Município para impedir que os jovens tenham contato com bebidas e demais drogas está na conscientização da sociedade.
“Trouxemos um programa internacional que poucos municípios do mundo têm. Através de recursos da Embaixada americana no Brasil formamos agentes que atuam em comunidades. Eles fazem um mapeamento na Cidade para descobrir onde se usa e qual droga se usa. A partir daí, desenvolvemos trabalhos de prevenção”.
Notificações
Antigo problema na Cidade, o uso indiscriminado de álcool e drogas por adolescentes fez com que uma nova Lei Complementar fosse publicada no Diário Oficial do Município, no último dia 13 de outubro. A partir dela, cada criança ou adolescente que chegar a hospitais públicos ou particulares sob efeito dessas substâncias vai gerar uma notificação.
O aviso será enviado ao Ministério Público e ao Conselho Tutelar. Posteriormente, chegará aos responsáveis do jovem. “Às vezes, trata-se da primeira embriaguez do menor e, desta forma, podemos mudar completamente a sua história”, explicou Pereira.
Presidente do Comad e organizadora da conferência, Maria Tereza Spagna Lozano diz que além do combate, um grande problema está no período pós-recuperatório das pessoas que sofreram com a dependência química. “E esse é um dos nossos objetivos nesta conferência. O tratamento existe, porém, depois de recuperadas essas pessoas encontram as portas da sociedade fechadas. Precisamos discutir propostas que ofereçam uma segunda chance a esses ex-usuários.
Em Santos, a Secretaria de Saúde oferece o programa Recomeço, que garante vagas em comunidades terapêuticas para dependentes químicos, além de encaminhá-los para o programa Crack, É Possível Vencer. Fora isso, aqueles que buscam ajuda voluntária têm à disposição a Seção Núcleo de Atenção Toxicodependente (Senat), que fica na Rua Silva Jardim, 354, Vila Mathias.
Fonte: A Tribuna – Santos / UNIAD