A inveja: o desejo que pode causar sofrimento mental
Dr. Claudio JerônimoPsiquiatra especialista em transtornos mentaisA inveja é uma emoção complexa que gera sofrimento mental, sendo frequentemente vista como um sentimento negativo e destrutivo. Ela surge quando alguém deseja algo que outra pessoa possui, seja um bem material, uma habilidade, uma posição social ou até mesmo características pessoais, como beleza ou inteligência.
Quando não reconhecida ou controlada, a inveja pode levar a um profundo sofrimento emocional, afetando tanto o indivíduo quanto suas relações interpessoais. Esse sentimento é frequentemente intensificado pela comparação constante com os outros e pela sensação de inadequação ou insatisfação com a própria vida. Pessoas invejosas podem perceber o sucesso, a felicidade ou o reconhecimento de outros como uma ameaça à sua autoestima, o que gera frustração, raiva e ressentimento.
Em muitas situações, a inveja é amplificada por padrões de comparação social, nos quais as pessoas medem seu valor com base nas conquistas dos outros. Esse fenômeno é ainda mais intensificado pelas redes sociais, que amplificam imagens de vidas perfeitas e criam a ilusão de que estamos ficando para trás. Esse ciclo de comparação pode fazer com que o indivíduo se sinta inferior, inadequado ou incapaz, gerando autocrítica e insatisfação persistente.
A inveja sob a ótica de Aristóteles, Schopenhauer e Sêneca
Ao longo da história, filósofos como Aristóteles, Schopenhauer e Sêneca analisaram a inveja sob diferentes perspectivas. Para Aristóteles, em Retórica, a inveja é definida como a dor causada pela boa sorte dos outros, um sentimento destrutivo que surge quando acreditamos que alguém possui algo que merecemos. Já Schopenhauer, em O Mundo como Vontade e Representação, aborda a inveja como um reflexo do desejo incessante e da insatisfação intrínseca ao ser humano, classificando-a como um grande obstáculo à felicidade.
Por sua vez, Sêneca, em Cartas a Lucílio, complementa essa perspectiva, argumentando que a inveja é uma forma de sofrimento que corrói a alma do invejoso, impedindo-o de desfrutar de suas próprias conquistas. Inveja x ciúme Embora muitas pessoas confundem os sentimentos de inveja e ciúmes, há uma diferença essencial entre eles. O ciúme surge quando alguém teme perder algo que já possui, como o afeto ou a atenção de uma pessoa importante, por exemplo, o parceiro, amigo ou colega. Já a inveja está relacionada ao desejo de possuir algo que outra pessoa tem, o que não envolve a sensação de perda, mas sim o desejo de aquisição. O ciúmes tem a ver com o medo da perda, enquanto a inveja se refere ao desejo de “ter” o que o outro possui. Ambos os sentimentos podem causar sofrimento, seja pelo medo de perder ou pela frustração de não ter o que se deseja.
Inveja x ciúme
Embora muitas pessoas confundem os sentimentos de inveja e ciúmes, há uma diferença essencial entre eles. O ciúme surge quando alguém teme perder algo que já possui, como o afeto ou a atenção de uma pessoa importante, por exemplo, o parceiro, amigo ou colega. Já a inveja está relacionada ao desejo de possuir algo que outra pessoa tem, o que não envolve a sensação de perda, mas sim o desejo de aquisição. O ciúmes tem a ver com o medo da perda, enquanto a inveja se refere ao desejo de “ter” o que o outro possui. Ambos os sentimentos podem causar sofrimento, seja pelo medo de perder ou pela frustração de não ter o que se deseja.
O impacto psicológico da inveja
O sofrimento causado pela inveja não é apenas uma questão de emoção passageira, mas pode afetar profundamente a saúde mental do indivíduo. O desejo incessante de ser como o outro ou de alcançar o que ele tem pode gerar uma série de sintomas psicológicos negativos. Entre eles estão:
– Ansiedade e estresse: a insatisfação permanente leva a preocupações excessivas e um sentimento de nunca ser suficiente;
– Baixa autoestima: comparações frequentes fazem a pessoa se sentir inferior e frustrada;
– Raiva e ressentimento: pensamentos destrutivos afastam a paz de espírito e prejudicam relações interpessoais;
– Depressão: em casos mais graves, pode surgir desânimo profundo e sensação de desesperança. Reconhecer esses impactos é fundamental para adotar estratégias saudáveis de enfrentamento e fortalecer o bem-estar emocional.
Superando a inveja
A inveja é frequentemente vista como um sentimento “feio” ou “mesquinho”, o que leva as pessoas a sentirem vergonha de admitir sua presença. Essa vergonha pode dificultar a identificação da inveja em si mesmo e nos outros, impedindo que a pessoa busque ajuda ou apoio para lidar com esse sentimento de forma saudável.
A terapia, em especial a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), surge como um ponto de apoio para aqueles que buscam se libertar desse ciclo de sofrimento. Através da TCC, é possível identificar e modificar os padrões de pensamentos negativos e crenças autolimitantes que alimentam a inveja.Ao longo do processo terapêutico, a pessoa em tratamento aprende a:
– Identificar os gatilhos da inveja: Quais situações ou pessoas desencadeiam esse sentimento?
– Questionar os pensamentos negativos: Será que a grama do vizinho é sempre mais verde?
– Desenvolver a autoestima: Reconhecer suas qualidades e conquistas, sem se comparar com os outros.
– Cultivar a gratidão: Apreciar o que se tem, em vez de focar no que falta.
– Celebrar o sucesso alheio: Alegrar-se com a felicidade do outro, sem se sentir diminuído.
O sofrimento causado pela inveja, por si só, geralmente não requer tratamento medicamentoso. No entanto, quando a inveja está relacionada a transtornos psicológicos, como depressão, ansiedade, transtornos de personalidade ou obsessões, um psiquiatra pode avaliar a necessidade de medicação para tratar essas condições associadas.
Ao reconhecer e lidar com a inveja de forma saudável, é possível transformar esse sentimento em uma oportunidade de crescimento pessoal e desenvolvimento.
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Texto escrito por Adriana Moraes – Psicóloga especialista em Saúde Mental e Dependência Química
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INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dr. Claudio Jerônimo Psiquiatra especialista em transtornos mentaisFormado em Medicina pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, o Dr. Cláudio Jerônimo da Silva possui residência médica em Psiquiatria pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Registro CRM-SP nº 83201.