Festas: diversão ou perigo? Entenda os riscos do álcool na juventude
Dr. Claudio JerônimoPsiquiatra especialista em transtornos mentaisA juventude é uma fase marcada por descobertas, interação social e busca por pertencimento. Em muitos casos, as festas são vistas como uma oportunidade de celebrar com os amigos, se divertir e se integrar ao grupo. No entanto, um fator que frequentemente acompanha essas celebrações é o álcool, que se torna quase uma “parte essencial” desses eventos sociais. A pressão social para consumir bebidas alcoólicas em festas pode ter um impacto profundo e negativo na juventude, influenciando tanto a saúde mental quanto física, e aumentando o risco de comportamentos de risco e dependência.
O álcool é a substância de abuso mais consumida pelos adolescentes, embora sua comercialização seja proibida para menores de 18 anos no Brasil. Esse consumo precoce está associado a uma série de consequências prejudiciais, como o comprometimento do desenvolvimento cerebral, a predisposição a distúrbios psicológicos e o aumento da probabilidade de envolvimento em acidentes e comportamentos violentos.
A pressão social e o consumo de álcool
Nas festas, especialmente entre os jovens, há uma forte influência para se adaptar às expectativas do grupo. O álcool, muitas vezes, é associado à ideia de diversão, liberdade e desinibição. A presença de amigos, as normas sociais do grupo e a ideia de que beber é um rito de passagem fazem com que muitos jovens sintam que precisam consumir álcool para se encaixar, ser aceitos ou demonstrar que estão “divertindo-se” adequadamente. Essa pressão para beber pode ser ainda mais forte em contextos em que o álcool é amplamente promovido como parte do evento, como festas de faculdade, baladas e comemorações.
Esse desejo de aceitação e pertencimento pode levar o jovem a consumir álcool de forma excessiva, muitas vezes sem considerar as consequências. A impulsividade característica da juventude, combinada com a influência dos amigos e do ambiente festivo, pode aumentar a probabilidade de o consumo de álcool se tornar descontrolado e irresponsável.
Riscos de dependência
O consumo repetido e excessivo de bebidas alcoólicas em festas pode, com o tempo, levar ao desenvolvimento de uma dependência. Embora nem todos os jovens que bebem em festas se tornem dependentes, o risco aumenta conforme o padrão de consumo se torna mais regular.
A dependência do álcool se manifesta de diversas formas, incluindo o desenvolvimento de tolerância, que faz com que o indivíduo precise de doses cada vez maiores para obter os mesmos efeitos. Outras características dessa condição incluem a necessidade de consumir álcool para realizar atividades cotidianas, a dificuldade em controlar o consumo e a experiência de sintomas físicos e emocionais intensos ao tentar parar de beber.
O cérebro dos jovens ainda está em desenvolvimento, o que torna essa etapa mais vulnerável aos danos causados pelo consumo excessivo de álcool. Nessa fase, o desenvolvimento do sistema nervoso central ainda não está completo, e a exposição ao álcool pode prejudicar a maturação das sinapses e estar associada à diminuição do volume do hipocampo (no caso do consumo pesado). O uso constante de álcool também compromete o desenvolvimento das habilidades cognitivas e emocionais, impactando a capacidade de tomar decisões conscientes e de lidar com os desafios da vida adulta.
Comportamentos de risco
O consumo de álcool em festas também está frequentemente associado a comportamentos de risco, como dirigir sob a influência, sexo desprotegido, agressividade ou brigas. A desinibição provocada pelo álcool pode reduzir a percepção de perigo e aumentar a probabilidade de tomar decisões impulsivas e prejudiciais. Para os jovens, que muitas vezes estão aprendendo a lidar com suas emoções e a entender seus próprios limites, o álcool pode agir como um gatilho para comportamentos irresponsáveis que colocam a saúde e segurança deles em risco.
A combinação de álcool com outros fatores, como o desejo de impressionar os outros ou a busca por experiências emocionais intensas, pode aumentar o risco de envolvimento em situações perigosas. Esse comportamento de risco é mais prevalente entre os jovens, pois a capacidade de julgamento e autocontrole ainda está em formação, o que torna as consequências ainda mais graves.
Consequências a longo prazo
Os efeitos do consumo excessivo de álcool na juventude não se limitam ao momento da festa. A exposição contínua ao álcool pode afetar negativamente o desempenho acadêmico, o relacionamento com a família e amigos, e até mesmo as perspectivas de carreira. O álcool pode prejudicar a memória, a concentração e a motivação, o que compromete o sucesso escolar e profissional.
Para piorar a situação, o consumo regular e excessivo de bebidas alcoólicas pode levar a problemas de saúde, como doenças hepáticas, cardiovasculares e neurológicas, que se agravam com o tempo.
A juventude é uma fase decisiva para o desenvolvimento físico e mental, e o uso excessivo de álcool pode interromper esse processo, gerando consequências duradouras na saúde e no bem-estar dos jovens.
Prevenção
A prevenção do consumo excessivo de álcool entre os jovens em festas passa por uma abordagem educativa e consciente. É fundamental que os jovens sejam informados sobre os riscos associados ao consumo de álcool e aprendam a reconhecer os sinais de comportamentos prejudiciais.
A pressão social para consumir álcool em festas é real e pode ser difícil de resistir. No entanto, é fundamental lembrar que a verdadeira diversão vai muito além do álcool. Há inúmeras outras maneiras de se conectar com os amigos, como praticar esportes, ouvir música, assistir a filmes ou simplesmente conversar. Ao adotar um estilo de vida mais saudável, você estará investindo no seu futuro e garantindo uma vida mais longa, plena e feliz.
Se estiver enfrentando problemas com o uso de álcool, agende uma consulta com o Dr. Cláudio Jerônimo!
Texto escrito por Adriana Moraes – Psicóloga especialista em Saúde Mental e Dependência Química
Fonte: Livro Alcoolismo Hoje/ Ana Cecilia Petta Roselli Marques – 4ª edição – Porto Alegre, 2023
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INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dr. Claudio Jerônimo Psiquiatra especialista em transtornos mentaisFormado em Medicina pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, o Dr. Cláudio Jerônimo da Silva possui residência médica em Psiquiatria pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Registro CRM-SP nº 83201.