O uso de drogas desencadeia a depressão ou a depressão estimula o uso de substâncias psicoativas?

A resposta para essa questão é que na verdade as duas coisas podem acontecer, é uma via de mão dupla. O uso de drogas pode levar a depressão, a depressão pode alterar ou intensificar o uso de drogas e a depressão pode ser o resultado do uso de substâncias.

A dependência química e a depressão são transtornos mentais graves que se não tratados corretamente podem levar a pessoa a cometer suicídio, é fundamental o correto diagnóstico das patologias envolvidas, a depressão pode estimular o uso de drogas, assim como o uso de substâncias psicoativas pode levar ao quadro depressivo.

Seja pelo consumo excessivo de drogas ou até pela falta de uso delas, casos de depressão são bastante comuns aos usuários de drogas.

Diagnosticar um quadro depressivo em indivíduos com história de transtornos por uso de substâncias costuma ser um grande desafio, uma vez que é muito comum estarem associados ao uso de drogas sintomas de mudança de humor, alteração de energia, alteração no padrão de sono e apetite. Essas alterações podem aparecer pelo uso crônico de substâncias como estarem circunscritas ao período de síndrome de abstinência.

Para diagnosticar a comorbidade, é necessário compreender essas complexas relações entre esses dois diagnósticos psiquiátricos, bem como uma anamnese detalhada. Embora o uso de drogas e a depressão possam ser problemas separados, cada um deles tem inquestionavelmente consequências fisiológicas no cérebro que podem acentuar gravemente o outro.

As substâncias psicoativas pioram a adesão e a resposta terapêutica dos medicamentos e da psicoterapia, aumentam a impulsividade e podem piorar os sintomas depressivos. O uso de drogas, a retirada delas e a depressão têm sintomas parecidos e podem provocar grande confusão.

São inúmeros os motivos que podem levar uma pessoa à dependência química e um deles é a depressão. Para saber se o transtorno primário é a depressão ou a dependência química, é necessário paciência e ajuda profissional, como a observação do psiquiatra, para diferenciá-los de forma precisa.

Apesar da possibilidade de se tornar um problema crônico, a depressão é um transtorno altamente tratável, a dependência química não tem cura, mas se a pessoa realizar o tratamento poderá retomar sua vida profissional, seus estudos e recuperar sua saúde, mantendo-se abstinente. 

Tratamento

A avaliação adequada do estado mental de qualquer usuário de substâncias psicoativas deve ocorrer após um período de um mês de abstinência ou mais, visando diminuir o risco de confusão entre o quadro psicopatológico presente e os efeitos do uso de drogas recém interrompidas.

O tratamento integrado das comorbidades associados ao uso de drogas tem sido o mais recomendado, ou seja, deve-se tratar tanto a depressão quanto os transtornos decorrentes do uso de substâncias ao mesmo tempo.

Caso necessite de ajuda, agende uma consulta. O consultório do Dr. Cláudio Jerônimo fica localizado na Praça Santo Agostinho, 70 – Conj. 55 – Edif. Satélite – Paraíso/São Paulo

Texto escrito por Adriana Moraes – Psicóloga especialista em Saúde Mental e Dependência Química.