Você sabe diferenciar um delírio de uma alucinação?
Dr. Claudio JerônimoPsiquiatra especialista em transtornos mentais
Uma jovem de 22 anos acredita que está sendo monitorada 24 horas por dia, devido um chip que ela imagina que foi implantado em seu cérebro. Parou de trabalhar e estudar, ela permanece o tempo todo trancada em seu quarto, relata dificuldade em dormir, está com muito medo de que possam pegá-la e levá-la para outro país.
Esse exemplo de caso clínico seria um delírio ou alucinação?
Delírios e alucinações são perturbações mentais, por terem algumas características parecidas podemos fazer certa confusão. No caso da jovem de 22 anos trata-se de um delírio, quando as alterações de teste de realidade envolvem a desarmonia do pensamento, ocorrem as chamadas ideias delirantes. A jovem acredita que aquilo é real, essa crença nos casos de delírio é irredutível, trata-se de questões rompidas com a realidade.
Delírio
O delírio é quase sempre um juízo falso, seu argumento é algo impossível, como foi o exemplo citado de um chip implantado na mente da jovem. Seu conteúdo pode incluir uma variedade de temas, por exemplo: persecutório, de referência, somático, religioso, de grandeza.
O delírio é muitas vezes vivenciado como algo evidente, o indivíduo acredita que é claro, óbvio, que as coisas estejam acontecendo da forma como estão. O delírio tem convicção extraordinária, uma certeza subjetiva praticamente absoluta. Sua crença é total, a seu ver, não se pode colocar em dúvida a veracidade de seu juízo delirante.
Alucinação
Alucinação é a percepção clara e definida de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença do objeto estimulante real. Alucinações são experiências semelhantes à percepção que ocorrem sem um estímulo externo. São vívidas e claras, com toda a força e o impacto das percepções normais, não estando sob controle voluntário.
Podem ocorrer em qualquer modalidade sensorial, embora as alucinações auditivas sejam as mais comuns na esquizofrenia e em transtornos relacionados. Alucinações auditivas costumam ser vividas como vozes, familiares ou não, percebidas como diferentes dos próprios.
As alucinações auditivas são o tipo de alucinação mais frequente nos transtornos mentais, por exemplo, a pessoa acredita que está ouvindo vozes sem qualquer estímulo real, são vozes que geralmente o ameaçam ou insultam essa voz não existe, mas a pessoa está convencida de que é real.
Delírios e alucinações podem ocorrer juntos, principalmente em quadros de esquizofrenia.
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Fonte: Livro Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Paulo Dalgalarrondo – 3ª edição – Porto Alegre: Artmed, 2019.
Texto escrito por Adriana Moraes – Psicóloga especialista em Saúde Mental e Dependência Química.
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INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dr. Claudio Jerônimo Psiquiatra especialista em transtornos mentaisFormado em Medicina pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, o Dr. Cláudio Jerônimo da Silva possui residência médica em Psiquiatria pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Registro CRM-SP nº 83201.